Há cinco anos morando em Montreal, o músico maranhense Rommel Ribeiro, 23 anos, está próximo de se transformar numa referência da música canadense. O jovem músico foi vencedor do Prêmio de Diversidade, promovido pelo Conselho de Artes de Montreal, com apoio da CBC Rádio2 e o Montreal Artes Interculturais (MAI), e vai poder divulgar sua arte por todo este país da América do Norte.
Rommel Ribeiro, conhecido de muitos nas noites de São Luís, já que tocava em bares e foi integrante da extinta banda Cavala Kanga, mudou-se para o Canadá quase que acidentalmente, pois sua mãe, a assistente social Maristela, foi passar uma temporada no país, e ele resolveu visitá-la. Lá, juntou-se com a tia Regina Teixeira, que é música e integra um grupo de Bossa Nova, ou seja, passou a exercitar música, tocando samba, reggae, funk e outros gêneros. Foi, porém, no Café Nostálgica, da Universidade de Ottawa (a capital do país), que teve a primeira oportunidade de se tornar conhecido. Lá, fez um show, e agradou ao público, e nunca mais parou.
Quando desembarcou em Montreal, Rommel Ribeiro não dominava o inglês e o francês, os dois idiomas oficiais do Canadá. Atualmente o músico fala fluentemente os dois idiomas, tendo estudado de forma autodidata e no convívio com as pessoas, já que desde sua transferência do Brasil cancelou a faculdade (era aluno do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão). Para sobreviver em terras estrangeiras, já experimentou de tudo: lavou pratos, carregou malas, limpou chão etc, coisas que jamais imaginaria fazer enquanto morava em São Luís, mas que são comuns entre os jovens canadenses, onde quase todos os universitários desenvolvem alguma atividade para custear seus estudos.
Hoje sua renda vem basicamente de pequenos shows e da venda de CDs demos, com seis músicas no máximo, que ele grava de forma artesanal em seu próprio computador e vende entre universitários e outros públicos. Pela receptividade do trabalho, acha que faz uma música que agrada aos canadenses. Ele diz, aliás, que têm prontas mais de 200 composições, algumas em parceria com outros compositores, devendo em breve sair com seu primeiro CD, graças ao prêmio recebido.
Acaso - A participação de Rommel no concurso foi outra obra do acaso. Um amigo que conhecia seu trabalho o inscreveu e lhe comunicou por e-mail. Jamais acreditou que pudesse ser o vencedor, mas foi, e ganhou com isto CAD$ 25 mil (vinte e cinco mil dólares canadenses), algo em torno de R$ 43 mil, mas não vai poder pegar o dinheiro, apenas receberá créditos para gravar CD, montar shows, viajar pelo país, enfim, se tornar conhecido. No próximo ano, promete trazer o show para São Luís, para onde ainda pretende retornar, mesmo se sentido muito feliz no Canadá. “Não tenho a menor pretensão de me tornar um ícone, mas através deste projeto poderei me tornar conhecido nacionalmente no Canadá”, diz ele, acrescentando que o país é muito aberto para os artistas de outros continentes, a fim de encontrar uma nova identidade musical.
Oportunidade - Apesar de não se queixar do apoio que recebia quando estava no Maranhão, Rommel diz que as portas no Canadá se abrem com mais facilidade para quem faz cultural do que aqui. Lá, por exemplo, vem sendo constantemente chamado para conceder entrevistas em emissoras de rádio, tanto AM quanto FM, e sua música toca nessas emissoras, o que facilita a massificação, espaços que nem sempre são cedidos nas rádios maranhenses, para quem ainda está despontando.
Para Rommel, esta facilidade oferecida pelo governo canadense mostra a carência que o país tem para se projetar mundialmente pela música. Como para lá se transferem muitos africanos, asiáticos, latinos etc, quem faz música encontra oportunidades para poder mostrar seu trabalho com o selo do Canadá.
Atualmente, além dos shows solos, Rommel integra uma banda que retrata muito bem essa diversidade cultural: são dois camaroneses (bateristas e baixista), um libanês (trombone) e ele, o brasileiro, no violão. O grupo faz o maior sucesso em bares, boates, cafés, festivais etc.
Nesta sua breve passagem por São Luís, Rommel não teve oportunidade de divulgar melhor o seu trabalho atual, até porque estava mesmo querendo rever a família, mas no último sábado fez uma apresentação no Bar do Nelson (Avenida Litorânea), só para matar saudades das noites da Ilha. Este momento é apropriado para se ausentar do Canadá, já que nesta época do ano, como o frio é intenso, o movimento nas ruas cai significativamente.
Três perguntas para Rommel
Como um artista brasileiro pode se tornar conhecido no Canadá?
- É importante dizer que no Canadá, o governo, através do Ministério da Cultura, dá a maior força para os artistas de fora. Como o país não tem uma forte identidade musical, eles aproveitam os talentos dos imigrantes, e assim africanos, asiáticos, latinos, árabes etc têm muitas oportunidades. Eu até me surpreendi como a minha música foi recebida, pois nunca tive esta pretensão de me tornar um artista de fama, apenas fazer música, que é o que eu mais gosto.
No começo foi difícil divulgar o seu trabalho entre os canadenses?
- A maior dificuldade era com a língua, já que eu não falava bem os dois idiomas do país. Quando me chamavam para uma entrevista em emissora de rádio eu não tinha como me expressar bem, mas aí com o tempo, já falando bem, tanto o inglês quanto o francês, as coisas foram se tornando mais fáceis, até que veio o concurso, que eu nem cheguei a me inscrever, pois um amigo que fez isso, e para minha surpresa venci e agora poderei me tornar conhecido em todo o país.
Afinal de contas, quando os maranhenses poderão ver seu novo show, se que é vão ver?
- Com certeza vão ver sim, mas só depois dele ser apresentado no Canadá. A bolsa a que eu tenho direito vale até julho de 2011. Eu tenho até a metade do próximo ano para percorrer as principais cidades, fazendo shows, conceder entrevistas e gravar meu CD, e depois disto venho o Maranhão e aí quero ter um reencontro com o público, com a realização de um grande show. Talvez seja até a primeira oportunidade para me mostrar ao grande público, já que poucos conhecem meu trabalho.
Fonte: Maranhão Hoje
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