sábado, 20 de fevereiro de 2010

Festival Nacional do Samba em São Luís contará com grandes nomes do samba


Grandes nomes do cenário do samba brasileiro estão prestes a baixar na Ilha para o maior evento do gênero já visto por estas bandas. Será um espetáculo inédito, irresistível. Trata-se do "Festival Nacional do Samba", mais uma armação idealizada por Mário Moraes com a força da superprodução da Central de Eventos (Marafolia). Pois é, galera. Depois do bem sucedido projeto "Outros Carnavais", vem aí um evento que promete transformar São Luís na Cidade da Alegria com dois dias, 5 e 6 de março, do mais autêntico ziriguidum. Tudo regado a muita ginga e diversidades. Para o dia 5 estão confirmados Mart´nália e Leci Brandão e para o dia 6, Diogo Nogueira e Monarco da Portela, além de outros convidados, inclusive as bandas locais Argumento e Espinha de Bacalhau. Melhor, impossível.

O samba é raiz brasileira, conceito inquestionável para muitos, ao ser interpretado não apenas como um dos pilares da música popular brasileira, mas que alcança a própria formação da identidade cultural dos viventes no país tupiniquim. Consciente e defensor dessa forma de compreensão da imagem do brasileiro, um indivíduo da diversão, das rodas de música nos morros do século passado aos bailes – dos pobres à elite -, o produtor cultural Mário Moraes planeja para os dias 5 e 6 de março uma das mais arriscadas e audazes empreitadas de seu trabalho dedicado a divulgação do ritmo em São Luís ao longo dos últimos 10 anos: o Festival Nacional de Samba, a ser realizado em uma estrutura na Lagoa da Jansen.

Em uma movimentação que promete levantar a poeira sob os pés dos apreciadores do ritmo, os músicos Mart’nália, Diogo Nogueira, Monarco da Portela, Moyses Marques e Nicolas Krassik serão as principais estrelas do festival.
Se os quatro últimos músicos já passaram pela Ilha de São Luís, em decorrência de outros shows montados por Mário Moraes, Mart’nália – um dos expoentes do atual cenário musical brasileiro – fará sua estréia pelas terras maranhenses na abertura do festival, no dia 5, acompanhada por 19 músicos – que compõem uma das percussões mais refinadas no país.
Filha dos músicos Martinho da Vila e Anália Mendonça, a cantora iniciou sua carreira no fim da década de 80, com o lançamento de seu primeiro LP. Inquietude, criatividade, carregada por um suingue único e lembrada pelos ouvidos por seu timbre especial, a cantora ganhou o respeito da crítica e do público ao longo de sua carreira. Ao todo, ela – referência da comunidade de Vila Isabel – lançou sete álbuns e já tem dois DVDs gravados.
Outra grande atração do festival, Diogo Nogueira vem pela segunda vez a São Luís. Filho do saudoso João Nogueira, o intérprete – com seus 28 anos, ar de malandro, brinco na orelha com barba por fazer - é uma das revelações do samba, sendo sempre lembrado por guardar o timbre de voz quase idêntico ao do pai e pelos gritos em polvorosa das mulheres espalhadas ao redor do palco durante seus shows. O primeiro DVD de Diogo Nogueira foi lançado em 2007, que guarda um show gravado no Teatro João Caetano (RJ), teve selecionados para o repertório clássicos do samba e músicas inéditas e ainda reuniu convidados Marcelo D2, Xande de Pilares (Revelação) e o violonista Marcel Powell.
Homenagem - O velho compositor e cantor Monarco da Portela, representará a velha guarda da escola de samba, que será homenageada no segundo dia do Festival. O sambista já esteve em São Luís em janeiro, onde se reuniu com diversos músicos para uma verdadeira roda de samba no Circo Cultura da Cidade (Aterro do Bacanga).
“Monarca é um daqueles músicos que não requerem apresentação, suas composições são inspiradíssimas e falam sobre tudo. Do cotidiano às lembranças da infância, de amores bem-correspondidos a dores de cotovelo. É um músico completo”, adianta Mário Moraes. Ao lado de Diogo Nogueira – outro nome portelense -, Monarco da Portela fechará o segundo dia do Festival em uma apresentação que durará apenas 40 minutos.
Completam a reunião dos bambas na Ilha, os músicos Nicolas Krassik e Moyses Marques. Os dois já são figuras conhecidas pelos apreciadores do bom samba de raiz na capital maranhense, sempre presentes na programação musical de bares ludovicenses. O músico francês Nicolas Krassik, um verdadeiro apaixonado pelo ritmo brasileiro, acompanhará a banda de Mart’nália e de Diogo Nogueira em suas apresentações. Já violonista Moyses Marques, que se apresentará na sexta-feira, fará uma apresentação acompanhada por outros 14 músicos e, na ocasião, lançará o seu álbum “Fases do Coração”, marcado pelo tradicional samba de raiz carioca.
Atuação - Arriscada pela magnitude do evento, que – segundo o produtor – é alvo de comentários por toda a Lapa – atual berço da boemia carioca -, como algo inédito até no Rio de Janeiro, o Festival Nacional de Samba é visto por Mário Moraes como um resultado de toda a articulação com produtores e músicos cariocas. “No Brasil, a referência do samba é e sempre será o Rio de Janeiro, mas não isto não quer dizer que o ritmo deve resumir-se lá. O que eu tenho buscado nos últimos anos é estabelecer um intercâmbio entre os sambistas cariocas e os grupos maranhenses”, explica Mário Moraes.
A vontade do produtor vai além. “O que quero realmente é tornar São Luís também uma referência do samba. Algo que não se encontra em nenhuma outra capital a não ser a fluminense. Nem Recife, nem Florianópolis, nem Curitiba, nem São Paulo têm uma presença muito forte do ritmo. Minha intenção, pode parecer extremamente ousado, mas espero que seja reconhecido posteriormente, é tornar São Luís uma cidade do samba”, explica ele todo o empenho para tentar fazer conhecido o samba produzido no Maranhão pelas rodas na Lapa.
“O que buscamos é mostrar São Luís e sua produção musical para os produtores de fora e tentar outras ações. Eu mesmo já começo a produzir shows no Rio de Janeiro. Esse é o caminho que quero seguir”, afirma Moraes. “Porque o samba foi escolhido nessa empreitada? Ora, o samba é inquestionável até para quem não gosta”, comenta ele, demonstrando no fundo sua paixão pessoal pelo baticum dos pandeiros e dos tambores e pelo soar do violão de sete cordas e do cavaquinho.

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