Décio Sá
Da editoria de Política
A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quinta-feira a São Luís foi uma espécie de "ducha de água fria" nos críticos do projeto da implantação da Refinaria Premium da Petrobras, em Bacabeira, e do processo de desenvolvimento no qual o Maranhão entrará tendo como ponto de partida essa obra. Lula não só confirmou a construção do empreendimento, orçado em R$ 40 bilhões, mas garantiu que em janeiro estará de volta ao Maranhão para conduzir o trator que dará início à terraplanagem do terreno onde ele será instalado.
O presidente deixou claro que o projeto só está saindo do papel porque ele e o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, são nordestinos. De acordo com Lula, a própria Petrobras não queria a construção de refinarias em estados da região Nordeste porque as que estão em atividade já atendem às necessidades da estatal e do país.
"Os interesses da Petrobras são importantes, mas não são maiores do que o interesse do Estado Brasileiro e do povo brasileiro. Agora, que nós encontramos muito petróleo, não queremos vender petróleo cru, não queremos entrar na Opep. Nós queremos é exportar derivados de petróleo, fazer gasolina premium. É tão chique, que nós vamos exportar a gasolina premium para os Estados Unidos, Europa e Japão", assegurou o presidente.
Foi visível durante o discurso de Lula o incômodo em que ficou o presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Tavares. Ele, o tio e ex-governador José Reinaldo Tavares (ambos do PSB) e o deputado Edivaldo Holanda (PTC) já afirmaram várias vezes que o anúncio da obra feito pela governadora Roseana Sarney (PMDB) tinha apenas caráter eleitoreiro.
Além de garantir a refinaria, o presidente fez questão de ressaltar a importância que ela terá para o Maranhão e para o Brasil. "O bicho vai pegar aqui no Maranhão, vocês vão ver. Na hora em que começar a terraplanagem, vocês vão ver a quantidade de máquinas e de trabalhadores trabalhando. E isso vai gerar desenvolvimento para o estado, porque atrás da refinaria virão outras empresas", garantiu.
Lula explicou que o esforço que o governo está fazendo para levar a refinaria e outros grandes investimentos para o Norte e o Nordeste visa principalmente mudar o foco econômico do país para essas regiões com o objetivo de diminuir as desigualdades regionais.
"Não era possível a gente continuar vendo o Brasil tendo uma parte do Brasil cada vez mais rica e outra parte cada vez mais pobre. Podem ficar certos: a vida do povo do Nordeste e do povo pobre deste país não voltará a ser a desgraça que era há algum tempo, não voltará", assegurou.
Agradecimento - A governadora agradeceu a Lula por ele ter escolhido o Maranhão para a implantação da refinaria. A empresa processará em seu pico 600 mil barris de óleo cru/ano. É três vezes mais que a maior hoje em operação no país - a de Paulínia (SP).
Para selar este compromisso, Roseana entregou a Lula a licença ambiental prévia para o início dos serviços. "Essa é uma obra que irá transformar a economia de toda essa região. Com esse projeto, o Maranhão se prepara para transformar-se em um dos cinco pólos petroquímicos do Brasil, em condições de igualar-se aos grandes centros produtivos mundiais", afirmou Roseana.
De acordo com o secretário da Indústria e Comércio, Maurício Macedo, tudo tem ocorrido em favor da retomada do crescimento do estado. Ele destacou o Pró-Maranhão, programa que incentiva a indústria e a agroindústria ao flexibilizar como processo de atração e ao desonerar impostos de ativos e imobilizados.
"São importantes investimentos que fazem com que o estado possa ser observado como uma grande oportunidade de negócios. Cabe a nós, do governo, atrair mais investimentos. E com a palavra do presidente Lula em se comprometer com o desenvolvimento do Maranhão não há mais volta. O crescimento econômico é inevitável", enfatizou Macedo.
A visita do presidente Lula ao Maranhão, na semana passada, reforçada pela promessa de retorno em janeiro para iniciar, ele próprio, a terraplanagem da área onde será instalada a Refinaria Premium da Petrobras em Bacabeira foi a confirmação de que o Maranhão entrou de vez no processo de desenvolvimento acelerado do país. Essa é, em síntese, a avaliação da visita presidencial, feita por um dos mais importantes membros do Governo do Estado, o secretário-chefe da Casa Civil, João Abreu. Para ele, a presença e as declarações do presidente Lula em São Luís sepultaram definitivamente as dúvidas que os incrédulos andaram disseminando, como se os anúncios feitos pelo governo estadual não tivessem consistência. “O presidente Lula acabou com as dúvidas e as resistências. Ele disse exatamente o que todos os maranhenses esperavam e queriam ouvir dele”, assinala João Abreu, para quem os incrédulos e os contrários não têm agora outra alternativa que não a de mergulhar no silêncio. Para o chefe da Casa Civil, que tem a tarefa de coordenar as ações maiores do governo no que respeita aos grandes empreendimentos, a chave para o desenvolvimento do Maranhão agora é a Refinaria Premium. E as manifestações enfáticas do presidente sobre o assunto, confirmando o investimento como irreversível, consolidaram o otimismo que já vinha contagiando os maranhenses, a começar pelo governo. João Abreu explica que o Governo do Estado tem participação decisiva na agilidade com que o projeto da refinaria está se consolidando. “Nós estamos fazendo a nossa parte. Por recomendação da governadora Roseana, todas as exigências, orientações e recomendações que nos foram repassadas estão tendo respostas rápidas e positivas. O Relatório de Impacto Ambiental, que é a base do processo, foi elaborado em tempo recorde, atendendo a todas as regras. Nós estamos bem na frente nesse processo”, revela. E quebrando um pouco a discrição, que é uma das suas marcas, João Abreu avalia que, no plano político, a visita do presidente, acompanhado da ministra Dilma Rousseff, virtual candidata a sua sucessão, teve forte simbolismo. “Isso mostra que a importância política do Maranhão está crescendo”, resume.
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