sábado, 12 de setembro de 2009
São Luís tem condições de abrigar a Segunda Esquadra
São Luís reúne as qualidades necessárias para abrigar a base naval da Segunda Esquadra, disse o almirante-de-esquadra Julio Soares de Moura Neto, autoridade máxima da Marinha do Brasil, em sua passagem pela Ilha. A estrutura portuária da Baía de São Marcos, a grande variação de marés e a profundidade do canal marítimo (a segunda maior do mundo, comparável apenas à Holanda) são condições propícias para operar embarcações 24 horas por dia, como exige o projeto da Força Naval.
“Na realidade, todo o levantamento de dados a respeito de São Luís já foi feito pela Marinha, em outras ocasiões. Eu acredito que, no mais tardar, até o fim do ano, o Governo Federal deve anunciar o local que vai abrigar a base naval do Norte/Nordeste. A minha idéia, agora, é voltar a Brasília (DF) e fazer uma apresentação ao alto-comando da Marinha, depois disso levaremos o assunto ao Ministério da Defesa. Não deve demorar uma decisão”, disse o almirante Julio Soares de Moura Neto.
O almirante chegou a São Luís na quinta-feira. Teve um jantar com a governadora Roseana Sarney, no Palácio dos Leões, oportunidade esta que serviu para falar do projeto, recebido com otimismo pela chefe do Executivo maranhense.
Ontem, o comandante fez um reconhecimento do litoral ludovicense, mais precisamente a região da Ponta da Espera, que pertence à Marinha e é um dos locais apontados como aptos para a construção da base naval. A outra área é a Ilha do Medo.
À noite, o comandante da Marinha teve uma reunião com empresários maranhenses para falar dos impactos da eventual implantação da Segunda Esquadra em São Luís. Além do empresariado, o encontro contou com representantes do poder público, como a Secretaria de Indústria e Comércio (Sinc) e Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), gestora do Porto do Itaqui.
Entrevista - Ainda pela manhã, o almirante falou à imprensa local sobre as observações que fez de São Luís. Quando perguntado se a cidade tem condições de abrigar a base naval, cujo projeto é disputado pelo Ceará, o comandante respondeu positivamente.
“Absolutamente sim. Há um porto muito bom, que é o Itaqui. Ele é o segundo porto no mundo em águas profundas, portanto pode operar qualquer tipo de navio; tem também o Terminal Marítimo Ponta da Madeira, onde a Vale opera os seus navios; e a Petrobras vai instalar mais ao sul um terminal portuário. Há outros lugares também, mas com toda certeza a Baía de São Marcos atende”, ressaltou o almirante Moura Neto.
A instalação da Segunda Esquadra da Marinha está prevista na Estratégia Nacional de Defesa (END), divulgada no fim do ano passado pelo Governo Federal. A força naval vai se equiparar à Primeira Esquadra, no Rio de Janeiro (RJ).
Estrutura – De acordo com o almirante-de-esquadra, a base naval da Segunda Esquadra da Marinha é um macro-empreendimento. Ele calcula que envolverá cerca de seis mil militares, o que significa para a cidade escolhida a migração de aproximadamente 12 mil pessoas, considerando os seus familiares.
“Essa base será o local de apoio aos navios da esquadra, a exemplo da Base Naval do Rio de Janeiro, sede da Primeira Esquadra. Nós teremos uma coisa semelhante a essa, para apoiar os navios que ainda não temos, mas que a Estratégia Nacional de Defesa (END) prevê a construção das embarcações da Segunda Esquadra. Mas não somente os navios, pois a força naval terá também helicópteros e aviões militares, além de um corpo de fuzileiros navais”, destacou o comandante da Marinha.
Como comparativo, a atual esquadra da Marinha, hoje, possui um porta-aviões, cinco navios de apoio a operações anfíbias, 14 navios-escolta e cinco submarinos. Há também os meios aéreos e os fuzileiros navais, uma força que envolve cerca de seis mil homens. A Segunda Esquadra terá uma estrutura semelhante, provavelmente menor em termos quantitativos, de acordo com o almirante Moura Neto, mas de dimensão suficiente para se equiparar em força à Primeira Esquadra.
“É um projeto de médio e longo prazo. Será concluído em 2030, mas é um projeto decisivo. Quando a Segunda Esquadra vier para Norte/Nordeste, virá para ficar definitivamente no lugar que foi escolhido. Será realmente uma força naval”, resumiu o comandante Julio Soares de Moura Neto.
Ainda segundo o almirante, a cidade que vai abrigar a base naval deve oferecer, em contrapartida, facilidades para o funcionamento da força naval, como energia elétrica, água potável e também vagas no sistema escolar público, moradias, unidades de saúde, enfim, uma série de medidas a serem discutidas com as autoridades locais.
Atrativos - Sobre o aspecto da infra-estrutura, uma base da Marinha tem potencial de atrair grandes investimentos de ordem industrial para o Maranhão, como o incremento no setor da construção civil em função da edificação das instalações militares; incentivar a criação de centros de desenvolvimento tecnológico, como cursos de nível médio e superior na área de engenharia naval.
No setor marítimo, o empreendimento pode significar a implantação de estaleiros navais, tanto para reparo das embarcações como para construir navios militares; além disso, há de se calcular a demanda de energia, combustíveis e suprimentos para o complexo naval.
Investimentos para a renovação da frota já começaram este ano
Há encomendas de 32 navios-patrulha e ainda submarinos adquiridos da França
Embora a base naval do Norte/Nordeste não esteja concretizada, a Marinha do Brasil cultiva, desde fins de 2008, um programa de construção de navios-patrulha para vigilância de plataformas em campos petrolíferos, inclusive no pré-sal. O plano prevê 32 navios-patrulha até 2016, a um custo estimado em R$ 2,97 bilhões.
Das 32 unidades, 27 são navios-patrulha de 500 toneladas, orçados em R$ 2,16 bilhões. As outras cinco embarcações, com investimentos de R$ 815 milhões, correspondem a barcos maiores, de 1.800 toneladas. Dois navios-patrulha de 500 toneladas já estão em construção no estaleiro Indústria Naval do Ceará (Inace), em Fortaleza, e devem ser entregues em 2009 e 2010.
Além disso, a Marinha assinou, esta semana, os contratos comerciais com a França referentes ao Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), com a aquisição do pacote de material logístico para quatro submarinos convencionais e o projeto de construção do submarino de propulsão nuclear, com a conseqüente transferência de tecnologia.
Com a assinatura desses contratos, a Marinha do Brasil receberá, até 2015, um estaleiro e uma base naval dedicados à construção e ao apoio de submarinos e vai incorporar à Armada o primeiro dos quatro submarinos convencionais, até 2017, e o submarino com propulsão nuclear, até 2021.
O custo total do PROSUB é da ordem de 6,7 bilhões de euros, dos quais 4,3 bilhões de euros serão objeto de financiamento externo em 20 anos, aprovado pelo Senado Federal em 2 de setembro, e o restante será custeado diretamente com recursos do Tesouro Nacional.
Mais
A visita do comandante Julio de Moura Neto a São Luís foi anunciada em 22 de julho, pelo almirante-de-esquadra Luís Umberto de Mendonça, que esteve na Ilha para estudar a Baía de São Marcos e levantar informações para o restante dos almirantes membros do alto-comando. Cabe ao grupo e ao comandante indicar ao Ministério da Defesa o local mais propício à instalação da Segunda Esquadra da Marinha.
Números
2,7 Bilhões de reais é o orçamento da Marinha para 2009
2,9 Bilhões de reais é a previsão de investimentos da Marinha até 2016
http://imirante.globo.com/oestadoma/noticias/2009/09/12/pagina161062.asp
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