Ribamar Cunha
Subeditor de Economia
A infra-estrutura de portos, ferrovias e rodovias, aliada a sua localização privilegiada e oferta de água e energia elétrica, é fator competitivo e comparativo que diferencia o Maranhão das demais unidades da Federação e atrai projetos como a refinaria
Infra-estrutura invejável de porto, ferrovia e rodovias, energia elétrica, água em abundância, localização privilegiada, maravilhas naturais espetaculares e uma excelente memória histórica são fatores comparativos e competitivos que abriram no Maranhão uma gigantesca janela de oportunidades para investimentos. Empresários nacionais e estrangeiros das mais diversas áreas - da indústria pesada ao turismo - já descobriram as potencialidades do estado e aqui estão se instalando, trazendo grandes projetos estruturantes - refinaria, termelétrica, hidrelétrica, celulose, petróleo e gás, etc -, destinados a mudar em pouco tempo o panorama econômico maranhense. Essa realidade contraria frontalmente as ações de setores que tentam mostrar o Maranhão por uma ótica negativa e pessimista.
Prova da importância estratégica do Maranhão são a Vale e a Alumar, duas gigantes internacionais do setor mineral e de transformação que aqui se instalaram, atraídas pelas potencialidades do Porto do Itaqui - de localização geográfica privilegiada, próximo dos mercados internacionais, com profundidade para receber grandes navios -, um dos mais promissores corredores de exportação do país.
Hoje, a Alumar, que na última sexta-feira completou 29 anos de instalação na Ilha de São Luís, não pára de investir. Atualmente, a Alcoa, uma das donas do Consórcio Alumar, está investindo R$ 5,2 bilhões na expansão da Refinaria, que resultará na elevação de produção de alumina de 1,5 milhão de t/ano, para 3,5 milhões de t/ano. O Consórcio Alumar também já ampliou a fábrica de produção de alumínio, um dos principais itens da pauta de exportação do estado.
Mais do que a expansão da refinaria em si, o investimento tem efeitos positivos para a economia maranhense, uma vez que está oportunizando negócios para as empresas locais em termos de fornecimento de bens e serviços, geração de emprego e renda para milhares de maranhenses e receita tributária para os cofres públicos.
A Vale, por sua vez, vê o Maranhão como estratégico para o seu principal negócio, que é a produção de minério ferro, produto que é embarcado pelo porto de São Luís para diversos países. E é por acreditar no potencial logístico do estado, que a mineradora tem investindo milhões de dólares na ampliação de sua estrutura portuária, na Estrada de Ferro de Carajás e agora na Ferrovia Norte-Sul. Investimentos também estão sendo feitos na infra-estrutura para transporte de passageiros.
A expectativa da Vale é que a exploração comercial de 720 quilômetros da Ferrovia Norte-Sul, do Maranhão até Palmas, no Tocantins, resulte na movimentação de 12 milhões de toneladas de grãos produzida no Centro-Oeste, para exportação via porto maranhense. Atualmente, a logística do modal ferrovia-porto da mineradora transporta em torno de 1,8 milhão de toneladas de grãos (soja) com destino ao mercado internacional.
Verticalização - Por acreditar no Maranhão, a Vale tem atuado como indutora do desenvolvimento do estado, procurando atrair investimentos voltados para a verticalização da cadeia de minério de ferro. Um dos primeiros passos nesse sentido foi a instalação da usina de pelotização de São Luís (hoje paralisada por efeito da crise financeira mundial, que retraiu o mercado de pelotas) e o esforço gigantesco que a companhia teve para trazer para o estado um pólo siderúrgico (o que não se concretizou).
O Maranhão também se destaca na produção de ferro-gusa, setor que, embora tenha sido um dos mais afetados pela crise mundial, gera milhares de empregos nos pólos de atuação das siderúrgicas e também tem grande peso na balança comercial do estado.
A Suzano Papel e Celulose, maior produtora integrada de celulose de eucalipto e papel da América Latina, também encontrou no Maranhão o local ideal para expandir seus negócios, onde irá investir R$ 3,14 bilhões na instalação de uma fábrica no sul do estado.
A fábrica da Suzano, com capacidade para produzir 1,3 milhão de toneladas de celulose, terá um efeito gigantesco na oferta de vagas no campo, uma vez que irá gerar 30 mil empregos diretos e indiretos, sendo 10 mil permanentes e com carteira assinada.
Energia elétrica é diferencial competitivo do estado
Principal insumo residencial, comercial e industrial, a energia elétrica é fator determinante para atração de investimentos em uma região. O Maranhão, que já é bem servido, agora passará à condição de produtor a partir da construção da Usina Hidrelétrica de Estreito (UHE Estreito), da Termelétrica da MPX em São Luís e de duas termelétricas da Geranorte em Miranda do Norte, configurando assim mais um diferencial comparativo em relação às demais unidades da Federação.
Orçada em R$ 3,6 bilhões, a Usina Hidrelétrica de Estreito já está com 60% das obras realizadas. A expectativa é de que a primeira das oito turbinas da usina entre em operação em outubro de 2010. Ao fim de 2011, a UHE estará com sua capacidade máxima de 1.087 MW de energia.
Participam desse vultoso investimento privado a GDF Suez (40,07%), Vale (30%), Estreito Energia S.A. (25,49%) e Camargo Corrêa Geração de Energia (4,44%), grupos que juntos forma o Consórcio Estreito Energia (Ceste).
O presidente Luiz Inácio Lula Silva, a governadora Roseana Sarney e os ministros Edson Lobão (Minas e Energia) e Dilma Rousef (Casa Civil) são esperado para uma visita ao empreendimento, em Estreito, no próximo dia 6.
Com investimento de R$ 440 milhões, o grupo Geranorte deve colocar em operação no fim deste ano duas usinas termelétricas no município de Miranda do Norte. A UTE Geranorte, instalada numa área de 88 hectares, onde ocupará 8,4 hectares, abrange duas plantas gêmeas (Geramar I e Geramar II), que terão capacidade, cada uma, para gerar 165 MW de energia.
Na perspectiva da Geranorte, a usina termelétrica dará mais visibilidade ao município de Miranda do Norte, ao mesmo tempo em que poderá atrair mais investidores para a região, uma vez que o fornecimento de energia será estratégico para projetos industriais. Outro aspecto positivo é o impacto no setor de comércio e serviços (hotelaria, alimentação, transporte, etc).
Outro projeto estratégico na área de energia é o da MPX, que está instalando uma Usina Termelétrica no Distrito Industrial de São Luís, com investimentos da ordem de US$ 1,5 bilhão. A planta terá capacidade para gerar 360 MW.
A expectativa da MPX é que a usina, que contribuirá para que o Maranhão amplie a oferta de energia elétrica com mais qualidade e confiabilidade, deva gerar 6 mil empregos diretos e indiretos no pico da obra, no segundo semestre de 2010.
Refinaria será um divisor de águas na economia do MA
Um dos empreendimentos mais esperados e que para muitos significa um passo sem volta rumo ao desenvolvimento econômico do estado é a Refinaria Premium da Petrobras, projeto de US$ 20 bilhões que será instalado no município de Bacabeira, a 60 km de São Luís, numa área de 20 quilômetros quadrados. O projeto está seguindo o cronograma dentro do previsto.
Para um projeto dessa envergadura, uma grande infra-estrutura será demandada, passando por investimentos públicos e privados que garantam as condições necessárias à instalação do empreendimento, como por exemplo ampliação da capacidade de fornecimento de água e energia e principalmente da retaguarda de porto capaz de atender à movimentação de derivados de petróleo. A refinaria terá capacidade para processar 600 mil barris/dia de petróleo.
E toda essa infra-estrutura que será criada em torno de refinaria resultará em oportunidades de negócios e de empregos para a população. E a expectativa é tão grande, que as empresas locais já estão se mobilizando para atender à demanda por bens e serviços pela Petrobras e muitas pessoas já estão pensando em se capacitar para trabalhar na refinaria.
A previsão é que a construção do complexo de beneficiamento de petróleo gere mais de 130 mil empregos diretos e indiretos. Um grande programa de capacitação será desenvolvido com a meta de qualificar 22,7 mil pessoas até o ano de 2013, quando entrará em operação a primeira etapa da refinaria.
O desdobramento que a refinaria trará para o Maranhão é ainda maior: o de atrair um pólo petroquímico, o que se configurará em uma nova perspectiva industrial para o estado - fábricas de plástico, montadoras de veículos e uma série de outros empreendimentos periféricos ao pólo petroquímico.
E mais uma vez, a localização geográfica privilegiada, infra-estrutura de transporte (porto, ferrovia e rodovia), oferta de energia e o fato de o Maranhão sediar a maior refinaria da América Latina são fatores comparativos e competitivos que abrem essa grande perspectiva do estado receber um pólo petroquímico, que viria a ser o quinto no país.
Números
US$ 20 bilhões é o valor de investimento da refinaria
112 Navios atracarão mensalmente no Itaqui
300 Mil barris/dia de petróleo serão processados em 2013
600 Mil barris/dia será a capacidade total da Refinaria em 2015.
25 Mil trabalhadores é o total estimado no pico da obra
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