quinta-feira, 18 de agosto de 2016

A realidade sobre os sargentos medalhistas nas olimpíadas realizadas no Rio de Janeiro

Esses atletas nunca foram militares ou serviram às Forças Armadas. Eles receberam título de terceiro sargento e uma pequena ajuda de custo mensal para não precisarem trabalhar e se dedicarem exclusivamente a seus esportes. Não há nisso motivo para apoiar a volta dos militares ao Poder. Esse acordo foi feito ainda no governo Lula como incentivo ao esporte. Nada tem a ver com Bolsonaro. 

Nem 8 nem 80: a real sobre os sargentos medalhistas

Por Atualizado em 17/08/2016
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Um terço da delegação brasileira nos jogos é composta por sargentos. Entre eles, estão os três medalhistas de ouro: Rafaela Silva, sargento da marinha, Thiago Braz, da aeronáutica e Robson Conceição, também da marinha. Nove dos onze medalhistas, na verdade, são terceiros-sargentos das forças armadas.
Quem tem fetiche político por farda tece loas à disciplina militar pelo feito.
Quem não tem, tende a achar que é tudo farsa, já que ninguém ali é sargento de porcaria nenhuma. Eles são filhotes do “Programa Atletas de Alto Rendimento”: as Forças Armadas pegam o atleta pronto, dão automaticamente uma patente de terceiro-sargento e um salário de R$ 3.200. Em troca, esperam que eles batam continência num eventual pódio. Ninguém ali presta serviço militar. Eles só treinam. E se quiserem, podem usar as instalações dos quartéis para praticar seus esportes – coisa que muitos deles não fazem, já que treinam em clubes.
Ok. A questão aqui é a seguinte: esses dois pontos de vista estão certos. Consequentemente, estão errados também.
Porque esse caso, como todos os casos em que resolvem politizar qualquer coisa, não é 8 nem 80. Primeiro, o programa não é iniciativa de um Bolsonaro da vida, mas do governo Lula, numa parceria que o Ministério do Esporte e o da Defesa firmaram em 2008.
A ideia ali é aproveitar a capilaridade das Forças Armadas. Tem quartel em todo canto. Logo, atletas do Brasil todo passam a ter instalações para treinar – coisa que boa parte deles não tinha. Os salários equivalem a uma carta de alforria para a maior parte deles, já que sem esses R$ 3.200 os atletas sem patrocínio teriam de trabalhar – aí tchau olimpíada. Esses salários custam R$ 18 milhões por ano ao governo. Merreca. Isso é o que a Petrobras gasta em 20 dias com o aluguel de uma única sonda de petróleo. E a empresa opera 45 sondas. O ganho em “Felicidade Interna Bruta” para o país a cada medalha supera fácil um gasto desses.
É isso. Eles não são militares de verdade. Mas nem por isso o apoio das Forças Armadas é puramente midiático – ele faz diferença para os atletas, e proporciona um belo entretenimento para o resto dos brasileiros, a custo baixíssimo, aproveitando a estrutura que Exército, Marinha e Aeronáutica já têm. Aí tem é que bater continência mesmo, mas sem confundir as bolas.

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