Obras de duplicação da BR 135 estão paralisadas
Além da paralisação dos serviços de duplicação, em Periz de Baixo, a reportagem de O Imparcial se deparou com outro abandono, relativo às desapropriações
TUDO PARADO
30/09/2015 - 12h34
Glaucione Pedrozo
Ao que parece, o Maranhão não ganhará de presente de Natal a
duplicação da BR-135. Obra constava no calendário oficial de
inaugurações da presidente da República, Dilma Rousseff, para o próximo
mês de dezembro. A reportagem de O Imparcial esteve, ontem, às margens
da rodovia federal que liga a entrada da capital maranhense ao resto do
estado e se deparou com uma situação de abandono.
Basta qualquer cidadão fazer um
exercício simples: assim que os carros cruzarem o Estreito dos
Mosquitos, pedaço que liga a ilha ao continente, os passageiros podem
olhar à sua direita e constatar o abandono da obra, que, de acordo com
as autoridades, seria entregue em dezembro próximo.
A primeira metade da duplicação, ainda
no trecho perigoso, denominado de Campo de Perizes, está totalmente
crua, sem pavimentação asfáltica, sinalização ou qualquer trabalhador na
pista, somente com vegetações típicas que começam a emoldurar a via. Já
no município de Bacabeira, na localidade de Periz de Baixo, a
reportagem de O Imparcial se deparou com outra cena de abandono,
relativa à desapropriação das casas. As residências tombadas pelo
governo federal ainda encontram-se, em sua maioria, em estado de ruínas.
O motorista Antônio Ferreira Lima
Filho, que residia com os filhos e esposa às margens da BR-135 e teve
sua casa demolida mediante indenização, contou que as máquinas estão
guardadas no canteiro de obras. “As máquinas tudo saíram e nós não temos
nem notícia. Está tudo no canteiro. A gente não sabe o que está
acontecendo”, informou.
Não indenizados
Logo próximo às ruínas da casa do senhor Antônio Lima está a casa
do vice-prefeito de Icatu, conhecido como Araújo. A moradia do
representante popular está intacta, pois, segundo relatou sua filha,
Joseana Araújo, o governo federal não ofereceu indenização por seu pai
ocupar mandato eletivo.
Situação semelhante encontra-se o
vice-prefeito de Bacabeira, José Benedito Torres, conhecido como
“Arrumadinho”. O vice-prefeito relatou que o Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT) argumentou que ele não encontra-se
em situação de vulnerabilidade. “Eles entendem que o vice-prefeito não
está num quadro de vulnerabilidade. Eles acham que não devem nos pagar”,
reclamou.
José Benedito lamentou a forma como
foi abordado por um senhor que se identificou como Otávio. “O Otávio
veio aqui e disse para eu assinar a ordem de despejo. Eu disse que eu
não ia assinar, pois eles nem me ofereceram nenhuma proposta”, relatou.
O vice-prefeito argumentou que o fato de ele ocupar mandato
eletivo não é justificativa para que não seja indenizado, visto que este
é um status temporário. “Esse prédio foi construído há 30 anos, antes
de ter cargo eletivo. Foi construído com meu trabalho de pescador. Eu
estou num cargo eletivo que já está terminando”, disse.
José Benedito declarou também que
somente a sua casa e a do vice-prefeito do município de Icatu estão com
esse impasse com o DNIT e que ele próprio e o prefeito de Bacabeira,
enquanto gestores, teriam participado das negociações das indenizações
com os moradores da região. “Indenizaram todas as casas do lado de lá e
ficou a minha e do companheiro Araújo. Quero que o DNIT nos busque para
fazer acordo”, destacou o vice-prefeito, informando que as quantias
variaram de R$ 10 mil a R$ 80 mil, dependendo da casa e do terreno.
A reportagem de O Imparcial tentou contato com o DNIT, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno das ligações.
Autoridades estaduais
Na sessão de ontem da Assembleia, o
tema da duplicação também foi abordado entre os parlamentares. O
deputado Eduardo Braide solicitou que os deputados da Comissão de Obras
da Casa vistoriem a rodovia federal e peçam providências aos órgãos
competentes.
“Nós já estamos praticamente no início
do mês de outubro, e quem passa ali pelo trecho do Campo de Perizes tem
a clara sensação, mesmo sem ser engenheiro, de que talvez esse prazo
possa não ser cumprido pelo DNIT. Aqui, eu não quero julgar ainda,
porque acho que somente uma vistoria juntamente com o DNIT dará essa
posição de forma mais firme e técnica para que a gente possa saber o que
de fato está acontecendo”, disse Eduardo Braide, durante seu discurso.
O parlamentar destacou que o
superintendente do DNIT, Gerardo Fernandes, informou aos deputados
estaduais que a obra constava no calendário oficial de inaugurações da
presidente da República, Dilma Rousseff, para o mês de dezembro.
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