Para guardar a memória
Bruna Castelo Branco
Da equipe de O Estado
Da equipe de O Estado
O Maranhão foi ganhador de seis prêmios Pontos de Memória, concedido pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/Minc). No Brasil, foram contempladas 45 iniciativas distribuídas entre 12 estados e o Distrito Federal, além de três no exterior (Espanha, Uruguai e Bélgica).
Duas das iniciativas premiadas são projetos voltados para o bumba meu boi e quatro para o fortalecimento de comunidades quilombolas. De São Luís, foram agraciados os bois de Maracanã (sotaque de matraca) e da Floresta (sotaque da baixada). Do interior, foram selecionados o grupo folclórico de Tambor de Crioula Santa Maria, de Rosário; o grupo de mulheres Mãe Susana, de Santa Rita; a associação de moradores de Baiacuí, de Icatu, e a associação dos produtores rurais remanescentes do Quilombo de Outeiro, em Monção.
A Região Nordeste foi a que mais teve projetos aprovados, sendo 24 ao todo: um em Alagoas; cinco na Bahia; seis no Ceará; cinco em Pernambuco; um em Sergipe e os seis do Maranhão. Na Região Centro-Oeste, foram selecionados apenas dois projetos, na região Sudeste 16 e na Região Sul, três propostas.
O prêmio Pontos de Memória tem como objetivo reconhecer iniciativas de práticas museológicas e de processos dedicados à memória social, de caráter comunitário, identificados com a perspectiva da museologia social, da diversidade sociocultural e da sustentabilidade.
Projetos –Para a presidente do bumba meu boi de Maracanã, Maria José Soares, o projeto vem contemplar a memória não só do grupo como da comunidade na qual o boi está inserido. “O Maracanã é uma memória viva, cujo principal representante é o mestre Humberto”, destaca a presidente.
Maria José Soares explica que o Memorial do Bumba meu boi de Maracanã será implantado na sede do boi. Para o acervo, serão restauradas imagens dos fundadores do boi, além de objetos, indumentárias e objetos que integram a memória do grupo. “Vamos adaptar um espaço na sede no qual poderemos expor toda a documentação do Maracanã”, sintetiza Maria José Soares.
A comunidade de Baiacuí, em Icatu, também será contemplada com um Ponto de Memória. A idealizadora do projeto e ex-presidente da Associação de Moradores do local, Martinha Cruz dos Santos, explica que o espaço já existe desde 1989 e foi fundado pelo pai dela, José Tomás dos Santos, mais conhecido como Zequinha de Militão.
Preservar saberes ancestrais, a cultura popular, ofícios e história do povo do Quilombo Baiacuí é um dos objetivos da entidade. “Este projeto vem auxiliar e reforçar um trabalho que já fazemos há muito tempo. Na sede da associação, mantemos um trabalho voltado para cultura popular, sem falar que o meu pai é uma memória viva da comunidade”, diz.
A entidade coordena o bumba meu boi Mimo de São João, o tambor de crioula Alegria de São Benedito, o grupo de reisado Três Reis Magos e o grupo de Dança do Tamassaê. “Além disso mantemos um espaço pequeno como biblioteca, que é visitada por estudantes da comunidade”. Com o recurso, Martinha Santos adianta que o espaço deverá ser ampliado e reorganizado. “Vamos, inclusive aumentar nossa biblioteca”, festeja.
Consolidação – Para o desenvolvimento e consolidação dos Pontos de Memória selecionados, o Instituto oferecerá, a partir do ano que vem, oficinas de qualificação, tais como de Museu, Memória e Cidadania, Inventário Participativo, Elaboração de Projetos e Plano Museológico. A fim de promover a integração e o intercâmbio das ações museológicas, também será realizada a 4ª Teia da Memória, que reunirá representantes de museus comunitários de todo o país e do exterior.
O prêmio Pontos de Memória é resultado do Programa de Fomento Ibram 2011. Esta é a primeira vez que o Instituto lança um programa com 10 editais voltados ao fomento museal e cultural.
Nenhum comentário:
Postar um comentário