quarta-feira, 27 de abril de 2011

Porque o Príncipe William está ficando careca?



Com o dia 29 de abril cada vez mais próximo, o assunto “casamento real” continua em alta. Preste atenção no noivo, o Príncipe William. Acostumado a brilhar com os holofotes, ele tem brilhado cada vez mais. O motivo: calvície. Notou que o jovem de 28 anos está perdendo seus cabelos?
A alopecia androgenética, ou calvície de padrão masculino, está presente na família de William. Seu pai é careca, seu avô paterno é careca e seu avô materno era careca. Com essa predisposição genética, o pobre cabelo de William estava condenado a cair desde seu nascimento.
Vários defeitos genéticos têm sido vinculados à perda de cabelo prematura, e os cientistas suspeitam que há interação entre eles. Um gene altamente influente aparece no cromossomo X. Tendo em vista que os homens possuem apenas um cromossoma X, que herdam de suas mães, o destino de seus cabelos pode ser fortemente afetado pela calvície transmitida pelos antepassados ​​maternos.
No entanto, pais calvos podem ter uma influência forte também. Na verdade, homens com pais calvos têm entre cinco e seis vezes mais chances de ficar careca do que homens com pais não-calvos. Porém, não há consenso científico sobre qual herdado do pai influencia a perda de cabelo.
O gene do cromossomo X relacionados com calvície controla os receptores de androgênio, ou hormônio sexual masculino. À medida que os homens envelhecem, seus níveis de androgênio em alta contraem os folículos capilares da cabeça, resultando em perda de cabelo e cabelos ralos, seguindo uma característica-padrão cientificamente inexplicável.
A maioria dos homens caucasianos acabam ficando careca eventualmente: entre 50% e 60% deles começam a perder os cabelos por volta dos 70 anos de idade. Porem, um defeito no gene receptor de androgênio provoca a calvície prematura, como é o caso de William.
A questão fundamental é por que a calvície evoluiu e se disseminou tanto assim. Estudos mostram que homens carecas parecem ser mais velhos e, portanto, mais sábios do que seus contemporâneos cabeludos, levando alguns psicólogos evolutivos à hipótese de que a perda de cabelo é uma ferramenta de seleção sexual. As mulheres seguem a sugestão visual como escolher um companheiro para distinguir os homens experientes dos meninos.
É dos carecas que elas gostam mais?
Ao contrário do que afirma a marchinha de carnaval, a calvície não parece dar vantagem sexual aos homens. O livro “O Crescimento do Cabelo e seus Transtornos” (Springer, 2008) explica que “a atual atitude da sociedade para a calvície de padrão masculino varia entre a indiferença e a negatividade. Um exemplo deste último é a alta frequência de cabeças cheias de cabelo apresentadas pelos membros da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos [parte do Congresso do país] ”
Porém, calvície masculina pode ser um resquício genético de uma vantagem evolutiva de um passado distante. “Embora a calvície seja vista agora como uma característica do envelhecimento e do declínio de vigor, ela pode ter tido consequências muito diferentes em nossos ancestrais evolutivos, numa época em que a expectativa de vida era muito baixo e, por isso, ser careca era algo relativamente raro, e atraente”, explica Ulrike Blume-Peytavi, um dos editores do livro.
Entre os homens jovens que competem por companheiras, portanto, um careca precoce e raro como o príncipe William pode ter se beneficiado por parecer mais velho, mais sábio e mais sexualmente maduro. Pode não ser mera coincidência, então, que o príncipe Harry, irmão mais novo de William, tem uma cabeça cheia de cabelos – e uma reputação de ser menos maduro e sábio do que seu irmão.
A calvície pode ter sobrevivido até os dias de hoje, ligando-se a produção de hormônios masculinos. Homens calvos têm níveis mais altos de androgênios – particularmente um potente chamado di-hidrotestosterona – do que os homens com a cabeça cheia de cabelos. “Se isso se traduz em um maior sucesso reprodutivo é desconhecido e difícil de verificar”, ressalta Blume-Peytavi, “mas talvez seja a explicação mais provável para a sobrevivência dos genes da calvície no homem moderno”.
Bruno Calzavara é estudante do 4o ano de Jornalismo na Universidade Federal do Parana, mas não vai se formar neste ano. Está fazendo intercâmbio na Universidade de Pisa, na Itália. Volta em agosto. Já trabalhou em vários campos jornalísticos e agora lida com o mundo fascinante dos textos científicos de HypeScience. É dono de um blog de viagem.

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