domingo, 6 de fevereiro de 2011

Hospital Geral II: O império

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Hospital Geral II: O império
 
Eudes de Sousa
Especial para o Alternativo

O Governo Imperial é que diretamente seria o responsável pela reforma do hospital, porém o governo da Província reconhecendo a necessidade de sua conservação mandou o engenheiro José Joaquim Rodrigues Lopes orçar a despesa necessária para sua reforma, orçando o custo dos reparos em 12 contos de réis. No entanto pela dificuldade da Província despender tamanha quantia foram adiados os reparos totais, levando a cabo apenas alguns reparos esparsos. Apenas para termos uma idéia de quanto era importante já à época o trabalho desenvolvido nesse hospital e a quantidade de doente por ele acolhido.Segundo o Cirurgião-Mor Dr. José Brígio Ferreira: “de 1º de janeiro a 3 de junho (1844) entraram no hospital 370 doentes, a sair em janeiro 56, em fevereiro 83, março 55, em abril 63, em maio 52, em junho 61 os quais com 46 que existiam no hospital do ano próximo passado (1843), totalizando 416, os quais tiveram alta, restabelecidos 342, mortos 4 e os 70 restantes continuam doentes no hospital”.
Passou por uma reforma em 1847, principalmente em sua fachada, a despesa de todo este edifício construído ficou em torno de 17:908$905 de réis, ficando a cargo do plano e direção do Capitão de Engenheiros João Victo Vieira da Silva. Segundo César Marques, “a única remuneração recebida por este engenheiro, pela sua fiscalização e economia, foi arcar com o prejuízo no valor estimado em 408$905 réis”.
A porta principal é emoldurada em cantaria onde lê-se gravado em pedra a inscrição: “Reedificado na Presidência do Exmº. Sr. Joaquim Francisco de Sá. Pelo Cap. Engº. João Victo Vieira de Sª Anno de 1847”.
A fachada principal foi acrescentada de anexo (ao sul), obedecendo em linhas gerais, o seu estilo. O interior apresenta grossas paredes, piso ladrilhado, cerâmica no térreo e assoalho no segundo pavimento, o forro em geral é de madeira.
Novo outro olhar sobre a instituição
O Hospital Geral veio a chamar-se Tarquínio Lopes Filho logo após a morte do mesmo, por homenagem de seu grande amigo médico Carlos Macieira, que naquele local aprendeu muito com o “Bisturi de Ouro”. Durante sua atuação como Secretário de Saúde na Interventoria de Paulo Ramos, em 1938.
Tarquínio Lopes Filho, como resultado de sua diuturna atividade de Diretor do Hospital, modernizou o atendimento, instalou processos de esterilização e uso de luvas de borracha em cirurgias.
E é exatamente pelas inúmeras evidências e descobertas de incontáveis fatos novos para a ciência médica. É interessante notar que o curso de medicina, no terceiro ano foi incluído a cadeira de Semiologia, mas tinha um agravante, não havia onde ensinar esta matéria, na época não havia Hospital – Escola. Mas para isso uma referencia construtiva, graças às gentilezas e atenção com que se distinguia ao então Diretor Tarquínio Lopes Filho, a solução encontrada foi o Hospital Geral. Nessa mesma época o ensino clínico era feito dentro do Hospital, cuja organização das aulas recaiu na pessoa do médico Carlos Alberto Salgado Borges, consensualmente, seus alunos aceitaram organizar o arquivo, iniciando, desta forma a primeira aula prática de clínica médica no curso de medicina no Maranhão.
Demandada pelo novo contexto econômico social, a administração hospitalar assume importante papel. As mudanças advindas com a administração, com a ciência, com o conhecimento pragmático trazem consigo novos cenários, portanto, são necessárias novas formas de administrar o hospital geral.
Como se sabe gerir um hospital não é tarefa fácil, tendo em vista a sua complexidade da sua função, assistiu-se à ascensão e declínio do Hospital Velho no seu contexto histórico, desativado desde abril de 1996, mantinha apenas o atendimento ambulatorial.
Para completar este quadro histórico, é deflagrada a transferência do Hospital Geral para a gestão administrativa e financeira da Universidade Federal do Maranhão em 22 de julho de 1996, que tinha o magnífico reitor na época o professor e doutor Oton Bastos, assim documentado a sua transferência de forma a constituir-se na terceira Unidade Hospitalar do complexo Hospital Universitário, cuja direção sob a responsabilidade do professor e doutor Natalino Salgado Filho. E para essa Unidade de Saúde fossem servidos de pessoas habilitadas, logo no mesmo ano os trabalhos do novo diretor começam a ter resultados. Neste período o governo do Estado então em mãos de Roseana Sarney implementou em parceria o projeto de reforma com o Ministério da Saúde (Reforsus), que seriam realizados em três etapas.
Eudes de Sousa é historiador e escritor

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