Maranhão deve concentrar grande reserva de petróleo e gás
A descoberta de uma reserva gigante de gás natural no município de Capinzal do Norte (Bacia do Parnaíba) veio comprovar que o Maranhão deve concentrar uma grande província não somente desse combustível como também de petróleo. A própria Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) reconhece que as características das bacias sedimentares do estado equivalem às dos Estados Unidos, Rússia e Líbia, países produtores de petróleo e gás natural.
Bacias que desde a década de 70 vêm sendo objeto de prospecções, que agora, com os fortes investimentos de empresas de porte como a Petrobras, OGX e Devon, em pesquisa, começam a indicar que realmente o Maranhão acumula uma grande província de gás e óleo.
Expectativa que se fortaleceu quando essas bacias passaram a integrar as Rodadas de Licitações da ANP, com a oferta de blocos marítimos (Bacias Pará-Maranhão e Barreirinhas) e terrestres (Bacia do Parnaíba).
A certeza de que o Maranhão era destaque nessa área petróleo e gás deu uma guinada no início de 2009, quando a empresa americana Devon Energy perfurou um poço em águas profundas na Bacia de Barreirinhas, no bloco BM-BAR-3, a 160 km de São Luís, em busca de petróleo. O navio-sonda Deepwater Discovery foi contratado para a realização do serviço, com um custo diário de US$ 425 mil. A campanha total foi estimada em US$ 90 milhões.
Mesmo com o "insucesso" da Devon, Petrobras e OGX continuaram a apostar no potencial das bacias sedimentares do Maranhão. Durante o Painel Empresarial promovido pelo Governo do Estado ano passado, o próprio presidente do grupo EBX, o empresário Eike Batista confirmou investimentos nas bacias Pará-Maranhão (marítima) e de Parnaíba (terrestre). Somente em pesquisa, ele anunciou investimentos superiores a R$ 300 milhões.
"Estamos bastante confiantes e otimistas que vamos encontrar petróleo e gás. Nós temos cultura de investir em risco, porque entendo que será óleo leve, de altíssima qualidade, podendo incluir, no futuro, o Maranhão como produtor da área de petróleo e gás", afirmou Eike Batista, à época, como se estivesse antevendo a realidade que é hoje Capinzal do Norte.
Desde então, os investimentos da OGX, que adquiriu 70% de sete blocos arrematados pela Petra Energia S.A na 9ª Rodada de Licitações da ANP, na Bacia do Parnaíba, não pararam. As primeiras atividades de pesquisas sísmicas 2D (duas dimensões) e 3D (três dimensões) ocorreram exatamente nos municípios de Capinzal do Norte, onde se descobriu gás natural, e Santo Antonio dos Lopes, local que receberá uma usina termelétrica a ser instalada pela MPX e Petra Energia S.A.
As pesquisas sísmicas da OGX na região terão continuidade nas áreas de abrangência dos municípios de Barra do Corda, Itaipava do Grajaú, São Roberto, São Raimundo do Doca Bezerra, Esperantinópolis, Joselândia, São José dos Basílios, Santa Filomena do Maranhão, Presidente Dutra, Dom Pedro e Tuntum.
Petrobras - A Petrobras, que também arrematou dois blocos na Bacia do Parnaíba, em parceria com a Vale e a Devon Energy, deve, agora, com essa descoberta da OGX, intensificar seus investimentos em pesquisa sísmica na região, atividade que é fundamental na indicação do caminho para a perfuração e análise de possíveis reservatórios no qual concentram o petróleo e gás natural.
Os dois blocos foram arrematados pelo valor total de R$ 298 mil, na 9ª Rodada de Licitação de blocos exploratórios de petróleo e gás natural em áreas terrestres na Bacia do Parnaíba, realizada em novembro de 2007, pela ANP.
A Petrobras, inclusive, requereu à Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) licenças prévia e de operação para desenvolver atividade de pesquisa sísmica terrestre 2D (em duas dimensões) na Bacia do Parnaíba, que irão abranger áreas de 15 municípios.
Municípios abrangidos pela pesquisa sísmica da Petrobras
Capinzal do Norte, Codó, Dom Pedro, Gonçalves Dias, Governador Archer, Governador Eugênio Barros, Governador Luís Rocha, Graça Aranha, Presidente Dutra, Santa Filomena do Maranhão, São Domingos do Maranhão, São João do Sóter, São José dos Basílios, Senador Alexandre Costa e Tuntum.
“Economia do Estado será transformada”, diz Macedo
A reserva de aproximadamente 15 trilhões de pés cúbicos de gás que podem estar no subsolo da cidade de Capinzal do Norte, distante 260 km de São Luís, pode ter um efeito transformador na economia maranhense. A perspectiva é do secretário de Indústria e Comércio, Maurício Macedo, que diz que as transformações devem ocorrer não somente na economia local mas, principalmente, na mentalidade do maranhense.
Segundo ele, a principal mudança, caso ocorra a confirmação do potencial exploratório da região de Capinzal do Norte, é "no pensar do maranhense". "Eu acho que essas coisas positivas devem mudar a maneira de pensar dos maranhenses. De buscar um estágio de desenvolvimento que não tivemos até agora", pontuou o secretário. "Vamos sair daquele 'complexo de vira-latas' e virar o grande protagonista de um processo de desenvolvimento do Brasil. Se isso tudo se confirmar, temos uma oportunidade que precisamos aproveitar bem", reconheceu ele.
Até o momento, o grupo OGX ainda não definiu o que deve ser feito com o gás que será extraído da região de Capinzal do Norte, mas a perspectiva é de que boa parte do gás descoberto abasteça uma usina termelétrica de 1.893 MW de energia que pode ser ampliada para até 3.600 MW.
Independentemente disso, o secretário assinalou que, a partir de agora, abre-se uma possibilidade ampla de negócios no setor energético do Maranhão e da cadeia de exploração de gás, como a possibilidade de utilização desse gás em veículos ou como gás de cozinha. Esse gás também pode abastecer grandes empreendimentos como a Vale, a Alumar, as guserias. "A cadeia do gás inclui, além da energia, a possibilidade de construção de gasodutos em São Luís e Imperatriz. Existe uma indústria petroquímica baseada no gás que nós podemos também nos beneficiar", projetou Macedo.
Além disso, abre a possibilidade do Maranhão tornar-se o líder do Nordeste em geração de energia. Até o momento, já existem confirmados empreendimentos com capacidade de gerar 3,2 mil MW de energia. Esse número pode chegar a até 5,1 mil MW de energia dependendo da confirmação da província gigante de gás em Capinzal do Norte.
O secretário de Indústria e Comércio, Maurício Macedo, também declarou que, a partir desse empreendimento, o projeto de duplicação do Produto Interno Bruto (PIB) do Maranhão para os próximos cinco ou seis anos pode ser acelerado. "A gente vai ficar com uma maior responsabilidade de desenvolver novos negócios com essa nova matéria-prima. O governo tem mais que ir à luta para tirar disso o melhor proveito para o cidadão maranhense. A nossa população merece um estágio melhor de qualidade de vida", finalizou Macedo.
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